Arquivo mensais:junho 2015

Minha História com o Cobol

 

Conheci o Cobol na faculdade, meio que por acaso, pois no final da década de 90 o que estava na moda eram linguagens visuais, com muitos recursos como o Visual Basic, Delphi, C++,  e linguagens voltadas à internet, como o Html e o Java Script. Assim, a linguagem que antes fazia parte da grade curricular do curso, passava a ser uma disciplina optativa e estava fadada a ser substituída por uma dessas linguagens mais modernas e que atraíam os mais jovens.

Mesmo com todo esse cenário desfavorável, como eu estava sedento por conhecimento, me matriculei na disciplina e desde a primeira aula a simplicidade e a estrutura do Cobol chamaram a minha atenção.

O que para muitos era chato e enfadonho, como desenhar fluxogramas e codificar em um editor simples e sem muitos recursos, para mim era pura diversão e entusiasmo. Fui pegando gosto pela coisa e me dedicando cada vez mais. Recordo-me bem que fechei a disciplina com a média máxima.

Quando chegou o momento de procurar estágio, me deparei com duas boas oportunidades: uma em Visual Basic e outra em Cobol. Participei e fui aprovado nos dois processos seletivos, mas na hora de decidir não tive dúvida: fui trabalhar com Cobol.

Fui explorando o universo da linguagem e me estabelecendo mercado de trabalho como uma espécie em extinção: analista programador Cobol. Era algo escasso no mercado, ainda mais um profissional de 21 anos de idade. Quando ia trabalhar em alguma instituição financeira, todos ficavam surpresos com aquele “menino” programando em Cobol e não em Visual Basic ou C++. A maioria dos meus companheiros de trabalho tinha mais tempo de experiência profissional do que eu tinha de idade.

Agora, sinto que estou passando para o outro lado e em pouco tempo passarei a ser reconhecido como mais um dos “dinossauros”, o nome carinhoso que é dado a quem programa há muito tempo com Cobol. Isso para mim é motivo de orgulho, pois nadei contra a maré quando decidi por este caminho.

E lá se vão doze anos de interação diária com essa linguagem. Muitos diziam que estava obsoleta e morreria em pouco tempo, mas o Cobol está cada vez mais vivo e sendo utilizado nas empresas que precisam de alta performance, segurança e estabilidade nas suas aplicações.

O Cobol vai morrer um dia? Talvez. Por enquanto, ele tem muito a oferecer ainda para todos nós.
 

Arroz com Feijão

 

Quando me perguntam qual o segredo para ser um bom programador Cobol, a minha resposta é simples e objetiva: faça o arroz com feijão.

Essa resposta pode parecer um tanto quanto simplista, mas se aplica muito bem a programação em Cobol.

Toda linguagem de programação tem inúmeros comandos, recursos, palavras reservadas,  e até conceitos, mas no caso do Cobol você não precisar utilizar todo o seu repertório léxico e semântico para desenvolver um bom código e o principal: que funcione perfeitamente.

Como o Cobol é utilizado principalmente em grandes empresas e instituições financeiras, os aplicativos desenvolvidos precisam ser os mais seguros, confiáveis e performáticos possíveis.

Acreditem: as empresas não buscam quem sabe fazer o programa mais complexo e que utiliza todos os recursos possiveís do Cobol. Elas procuram quem faz códigos confiáveis e seguros.

Quanto mais simples o código, mais fácil de entender e se dar manutenção ele é. Quanto mais rebuscado e complexo ele for, mais difícil ele será para documentar, entender e se dar manutenção.

Utilize o que você domina e sabe que funciona. Nada de “eu acho que esse comando ou essa função vai fazer o que eu preciso”.

Faça programas pequenos. Códigos com mais de 1000 linhas são desaconselháveis. É muito mais fácil dar manutenção em 5 programas de 1000 linhas do que em 1 programa de 5000.

Estruture e modularize o seu código. Fica muito mais fácil de entender.

Não seja criativo demais, pois não trabalhamos com marketing. Seja confiável.

Pense a respeito disso tudo que falei, pois é muito melhor comer um arroz com feijão bem feito e bem temperado, do que uma sopa de escargots dos alpes suíços salgada demais ou estragada.