Conheci o Cobol na faculdade, meio que por acaso, pois no final da década de 90 o que estava na moda eram linguagens visuais, com muitos recursos como o Visual Basic, Delphi, C++, e linguagens voltadas à internet, como o Html e o Java Script. Assim, a linguagem que antes fazia parte da grade curricular do curso, passava a ser uma disciplina optativa e estava fadada a ser substituída por uma dessas linguagens mais modernas e que atraíam os mais jovens.
Mesmo com todo esse cenário desfavorável, como eu estava sedento por conhecimento, me matriculei na disciplina e desde a primeira aula a simplicidade e a estrutura do Cobol chamaram a minha atenção.
O que para muitos era chato e enfadonho, como desenhar fluxogramas e codificar em um editor simples e sem muitos recursos, para mim era pura diversão e entusiasmo. Fui pegando gosto pela coisa e me dedicando cada vez mais. Recordo-me bem que fechei a disciplina com a média máxima.
Quando chegou o momento de procurar estágio, me deparei com duas boas oportunidades: uma em Visual Basic e outra em Cobol. Participei e fui aprovado nos dois processos seletivos, mas na hora de decidir não tive dúvida: fui trabalhar com Cobol.
Fui explorando o universo da linguagem e me estabelecendo mercado de trabalho como uma espécie em extinção: analista programador Cobol. Era algo escasso no mercado, ainda mais um profissional de 21 anos de idade. Quando ia trabalhar em alguma instituição financeira, todos ficavam surpresos com aquele “menino” programando em Cobol e não em Visual Basic ou C++. A maioria dos meus companheiros de trabalho tinha mais tempo de experiência profissional do que eu tinha de idade.
Agora, sinto que estou passando para o outro lado e em pouco tempo passarei a ser reconhecido como mais um dos “dinossauros”, o nome carinhoso que é dado a quem programa há muito tempo com Cobol. Isso para mim é motivo de orgulho, pois nadei contra a maré quando decidi por este caminho.
E lá se vão doze anos de interação diária com essa linguagem. Muitos diziam que estava obsoleta e morreria em pouco tempo, mas o Cobol está cada vez mais vivo e sendo utilizado nas empresas que precisam de alta performance, segurança e estabilidade nas suas aplicações.
O Cobol vai morrer um dia? Talvez. Por enquanto, ele tem muito a oferecer ainda para todos nós.
Primeiro comentário com o Disqus
É isso ai !!!